Quando temos essas “temporadas” de shows internacionais – onde parece que todos os artistas combinaram de vir ao mesmo tempo – é que fica-se evidente o tão inflacionado está o preço dos ingressos.
Virou moda. Há um tempo não muito distante, um valor de R$100 para assistir um show, se dava em um evento como o Rock in Rio, ou para assistir a um artista com passagem rara pelo país. E geralmente isso sempre acontecia em locais de grande estrutura como o Maracanã ou a Apoteose.
Hoje, quem não for estudante ou rico, não consegue ter oportunidade de assistir a um evento musical ou cultural por um preço cabível a nossa realidade econômica. Todo evento que tenha algum peso artístico considerável, sendo ele nacional ou internacional, vem sempre acompanhado por um imposto indigno para um país que luta tanto pela proliferação da cultura.
É difícil de aceitar, mas é simples de entender.
Eles chegam ao determinado valor real, e depois dobram o preço, já contando com a presença maciça dos estudantes. Então o benefício que seria consignado aos que pagam meia-entrada acaba sendo ilusório, pois se paga na verdade o valor que seria o REAL, e para os que não têm esse direito promocional, acaba sendo inviabilizado de poder comprar um ingresso no valor da bilheteria, pelo alto custo do próprio.
E não contentes pelo grande número de estudantes à procura, chegou a ter em vigor por um bom tempo uma lei “sem-vergonha” de que ainda tinha de estar em dia com a instituição acadêmica, para que pudesse ter o benefício. Certamente ninguém deixa de ser estudante por um atraso na mensalidade. O que deixa evidenciada que cada vez mais incapacitado financeiramente, mais inapto a ter algum benefício nesse país, quando o assunto é venda cultural. Se você é estudante particular, tem de estar com o comprovante bancário em mãos, senão, não entra?
Há um tempo, esse tipo de valor (alto) era cobrado em mega shows, como U2 ou Rolling Stones, o que até poderia se levar em consideração pela expressão do artista ou a importância do evento. Mas a situação está tão “grave” que não há mais “dois pesos e duas medidas” para esse tipo de consignação. Um exemplo recente foi para o show dos Los Hermanos na Fundição Progresso, uns anos atrás.
O valor do ingresso estava R$80 para assistir uma banda, que independente da qualidade musical, fazia em média 10 shows por ano na cidade, inclusive gratuitos, o que reforça que não é mais levado em consideração à dificuldade ou não de se assistir um evento daqueles. A única coisa que se leva em consideração é o fato da arte estar cara.
O sistema sabe fazer as justificativas de um jeito que seja justo para os cofres dos organizadores, que sempre levam ao bolso um valor maior do que aqueles que têm o talento. Eles sabem vender a cultura de um jeito que fique bem claro, que só quem pode ter cultura é quem tem dinheiro. E quem não tem dinheiro, que não descubra o que a arte pode nos oferecer.
A crise nas salas do cinema nacional é o maior exemplo disso. Mas a diferença é que esse tipo de evento, você pode ter em casa alguns meses depois, o que não vai ocorrer num show, ou numa peça de teatro.
O local dos eventos também não se pesa. Mês que vem o Circo Voador, local de pequena estrutura, com uma qualidade de som questionável pelo grande público, receberá o Living Colour, banda que teve seu auge no fim da década de 80 e que mesmo assim, nunca foi tão popular e/ou acessível ao grande público. O preço? Adivinhem: 100 Reais, antecipado. Na hora é R$120.
Para se ter uma idéia maior, na Inglaterra, numa das mais conceituadas casas de show, a Brixton Academy, um show da banda Faith No More, custou 30 Euros, o que nem chega a 80 Reais. E isso, não levando em consideração o poder aquisitivo da moeda no país citado. Aqui no Brasil, a “inteira” está sob o preço de 150 Reais. Praticamente o dobro. E todo mundo sabe que o poder aquisitivo aqui no Brasil está muito, mas muito inferior do que aos países de primeiro mundo.
A arte no Brasil está inflacionada e inacessível. No Brasil, o talento que fica mais evidenciado não é de quem produz a arte e sim de quem vende.
Tem que ter talento para ganhar dinheiro em cima do povo. Ah, e como tem!
Bruno Eduardo
Virou moda. Há um tempo não muito distante, um valor de R$100 para assistir um show, se dava em um evento como o Rock in Rio, ou para assistir a um artista com passagem rara pelo país. E geralmente isso sempre acontecia em locais de grande estrutura como o Maracanã ou a Apoteose.
Hoje, quem não for estudante ou rico, não consegue ter oportunidade de assistir a um evento musical ou cultural por um preço cabível a nossa realidade econômica. Todo evento que tenha algum peso artístico considerável, sendo ele nacional ou internacional, vem sempre acompanhado por um imposto indigno para um país que luta tanto pela proliferação da cultura.
É difícil de aceitar, mas é simples de entender.
Eles chegam ao determinado valor real, e depois dobram o preço, já contando com a presença maciça dos estudantes. Então o benefício que seria consignado aos que pagam meia-entrada acaba sendo ilusório, pois se paga na verdade o valor que seria o REAL, e para os que não têm esse direito promocional, acaba sendo inviabilizado de poder comprar um ingresso no valor da bilheteria, pelo alto custo do próprio.
E não contentes pelo grande número de estudantes à procura, chegou a ter em vigor por um bom tempo uma lei “sem-vergonha” de que ainda tinha de estar em dia com a instituição acadêmica, para que pudesse ter o benefício. Certamente ninguém deixa de ser estudante por um atraso na mensalidade. O que deixa evidenciada que cada vez mais incapacitado financeiramente, mais inapto a ter algum benefício nesse país, quando o assunto é venda cultural. Se você é estudante particular, tem de estar com o comprovante bancário em mãos, senão, não entra?
Há um tempo, esse tipo de valor (alto) era cobrado em mega shows, como U2 ou Rolling Stones, o que até poderia se levar em consideração pela expressão do artista ou a importância do evento. Mas a situação está tão “grave” que não há mais “dois pesos e duas medidas” para esse tipo de consignação. Um exemplo recente foi para o show dos Los Hermanos na Fundição Progresso, uns anos atrás.
O valor do ingresso estava R$80 para assistir uma banda, que independente da qualidade musical, fazia em média 10 shows por ano na cidade, inclusive gratuitos, o que reforça que não é mais levado em consideração à dificuldade ou não de se assistir um evento daqueles. A única coisa que se leva em consideração é o fato da arte estar cara.
O sistema sabe fazer as justificativas de um jeito que seja justo para os cofres dos organizadores, que sempre levam ao bolso um valor maior do que aqueles que têm o talento. Eles sabem vender a cultura de um jeito que fique bem claro, que só quem pode ter cultura é quem tem dinheiro. E quem não tem dinheiro, que não descubra o que a arte pode nos oferecer.
A crise nas salas do cinema nacional é o maior exemplo disso. Mas a diferença é que esse tipo de evento, você pode ter em casa alguns meses depois, o que não vai ocorrer num show, ou numa peça de teatro.
O local dos eventos também não se pesa. Mês que vem o Circo Voador, local de pequena estrutura, com uma qualidade de som questionável pelo grande público, receberá o Living Colour, banda que teve seu auge no fim da década de 80 e que mesmo assim, nunca foi tão popular e/ou acessível ao grande público. O preço? Adivinhem: 100 Reais, antecipado. Na hora é R$120.
Para se ter uma idéia maior, na Inglaterra, numa das mais conceituadas casas de show, a Brixton Academy, um show da banda Faith No More, custou 30 Euros, o que nem chega a 80 Reais. E isso, não levando em consideração o poder aquisitivo da moeda no país citado. Aqui no Brasil, a “inteira” está sob o preço de 150 Reais. Praticamente o dobro. E todo mundo sabe que o poder aquisitivo aqui no Brasil está muito, mas muito inferior do que aos países de primeiro mundo.
A arte no Brasil está inflacionada e inacessível. No Brasil, o talento que fica mais evidenciado não é de quem produz a arte e sim de quem vende.
Tem que ter talento para ganhar dinheiro em cima do povo. Ah, e como tem!
Bruno Eduardo
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