Eles não se tornaram o maior grupo do mundo, como pretendiam após o último disco, mas o Killers segue como um dos nomes mais comentados do pop nos dias de hoje. E também um dos mais esperados aqui no Brasil, com o anúncio da vinda em breve do grupo de Las Vegas ao país.
Em entrevista coletiva a um grupo de jornalistas brasileiros durante o Roskilde Festival, na Dinamarca, o vocalista do The Killers, Brandon Flowers, comentou a turnê no final de outubro, quando a banda se apresenta no Rio de Janeiro (27), em São Paulo (28) e Curitiba (31), dentro do Tim Festival.
Banda que ficou identificada com os sons dos anos 80, depois do grande sucesso de canções como "Somebody told me", o Killers tentou um vôo mais alto ao lançar o disco "Sam's town", com arranjos mais trabalhados e letras bastante sérias, em um resultado que dividiu opiniões. Eu particularmente, acho um dos melhores discos da nova década.
Por sorte, conseguimos uma exclusiva com o vocalista do grupo, Brandon Flowers, que bateu um papo com nossos colaboradoes no intervalo de uma apresentação.
Mas simpático e acessível na entrevista, Flowers não comprovou a imagem de pretensioso que transparece para o mundo, apesar de dizer que gostaria de se tornar um líder, como John Lennon ou Bob Dylan.
Sobre o Brasil, ele afirma que não sabe muita coisa. Mas tem certeza que isso irá mudar após os shows que a banda fará por aqui em outubro. Postos como o carro-chefe do Tim Festival, o Killers trará pela primeira vez ao país, o seu rock dançante cheio de sintetizadores. Uma fórmula que chegou a ser vista em meados dos anos 80, e que hoje volta na carona da banda.
Leia a seguir as respostas que Brandon Flowers deu aos nossos colegas.
Recentemente houve um boato de que você chegou a morar no Brasil em 2000. Isso tem algum fundo de verdade?
Flowers - [Risos] Não, eu nunca estive no Brasil. Eu sonho com isso. Eu gostaria de ir à América do Sul em geral. O meu irmão passou um tempo no Chile. Estou muito empolgado para ir até lá em outubro.
Que tipo de imagem você tem em mente quando pensa no Brasil?
Flowers - A minha imagem é mais sexual. Isso é tudo que a gente recebe de informação. Não quero dizer que eu vou para lá para fazer sexo, mas sim que é um lugar onde há um forte apelo sexual... Que mais? Bem, tem um show incrível que o Pet Shop Boys fez no Rio de Janeiro...
Quando vocês estão em países como o Brasil, sobre os quais vocês não sabem muito, dá tempo de conhecer um pouco da cultura ou é apenas mais um show?
Flowers - Eu acho que no Brasil nós vamos ter algum tempo para aproveitar e conhecer mais. Eu adoro experimentar novas comidas. Meu estômago é forte... [risos]. Estou realmente muito empolgado! Há muitas pessoas da América do Sul que vivem nos Estados Unidos e, na minha opinião, estes são os povos mais amistosos do mundo. Fico muito feliz de saber que o Killers vai tocar lá.
Neste fim de semana aconteceu o Live Earth. O que você acha dessa história de que o rock pode ajudar a mudar o mundo?
Flowers - Sim, eu acho que pode mudar. Eu acredito que pelo menos o fato de unir tantas pessoas ao redor do planeta já é importante. Você pode ser um artista, pode ser um religioso, mas é obrigação de todos cuidar da Terra. Atualmente não há tantos líderes como havia nos anos 60. Não há John Lennons, não há Bob Dylans... Bono é a melhor coisa que nós temos. Ele faz tudo que está a seu alcance e isso é bom...
Mas por que você acha que não existem mais esses líderes? Por que as pessoas não estão se importando tanto com essas questões, por que a diversão importa mais...
Flowers - Justamente por causa de John Lennon e Bob Dylan. A gente colocou esses ídolos em um nível tão alto, que ninguém tem o direito – eu não tenho – de puxar essas questões para si. Se eu fizer, as pessoas vão me tirar de lá. Os jornalistas vão perguntar “quem esse cara está achando que é? Ele acha que é o John Lennon? Ele acha que é o Bob Dylan?”. Então não mais há lugar para novas pessoas neste altar.
Mas você gostaria de estar lá?
Flowers - Sim, seria legal. Eu acho que seria algo muito positivo, mas ninguém vai permitir que isso aconteça.
Vocês formam uma banda que já nasceu na era da internet. Quando vocês começaram a tocar já existia download em todos os lugares e talvez você mesmo deva fazer downloads, para conhecer novos artistas etc... Como você lida com isso hoje em dia, sabendo que alguém pode simplesmente querer ouvir sua música e não pagar por isso?
Flowers - É frustrante [risos]. Eu já baixei algumas coisas... Não quero me defender, mas talvez fizesse aquilo só para conhecer e compraria o álbum se realmente gostasse do som. Seria a primeira pessoa a querer abrir o encarte e ver as fotos. Eu ainda tenho esse fã dentro de mim.
E o que você acha sobre o clima que existe nestes festivais europeus como o Roskilde?
Flowers - É legal. É como se fosse um Natal pra essas pessoas. Para mim... Bem, eu não vou dizer que é como se fosse apenas mais um show, mas essa é a forma como eu devo tentar me relacionar com isso tudo, porque eu ainda estou aprendendo muito sobre como é atuar em um palco. Ainda não é uma coisa natural para mim, mas eu continuo me esforçando para que seja.
Como você avalia sua evolução ao longo desses cinco anos à frente do grupo?
Flowers - Eu queria me sentir mais confiante. Acho que estou melhorando. Assisti alguns trechos das nossas recentes apresentações no festival de Glastonbury [Inglaterra] e em um show que fizemos na Noruega. Ainda preciso melhorar, não me sinto muito confiante. Eu ainda não pareço com o Freddie Mercury [risos].
Por Bruno Maia
Nenhum comentário:
Postar um comentário