Quais são suas bandas prediletas de rock?
Responder essa pergunta era fácil há uns dez, quinze anos. Alguns poderiam cravar um nome de fé, outros poderiam se dividir em até três bandas. Muitos poderiam até admitir que gostavam mesmo de Dire Straits. Mas, e hoje? Você pode afirmar qual a sua banda predileta de rock? A cada dia fica mais difícil responder a uma pergunta como essa. Onde foram parar Oasis, Red Hot, U2, REM, Wilco? São quase música de trintões comportados, ou aqueles sons que conhecemos futucando os discos do irmão mais velho.
O rock´n´roll do século 21 se mostrou numa coisa extremamente urgente, imediata, que exige muita informação, mas que, paradoxalmente, pode ser igualmente consumido pelo mais ignorante ser. O rock às antigas, que ultimamente foi praticado por algumas bandas citadas acima, já não é mais compatível com os padrões ditados pela mídia.
É mais ou menos a mesma coisa com os eletrodomésticos que você compra. Antigamente se adquiria uma televisão que durasse o máximo de tempo possível. Hoje, a própria televisão é fabricada com o intuito de durar quatro, cinco anos. Depois, claro, você compra outra. Quem tem aquela velha e boa televisão fiel e funcionando mais de uma década está, diríamos, fora de contexto.
Com o rock acontece um processo semelhante. As bandas não são mais projetadas para a posteridade. Talvez o cânone do rock na música popular da Terra já tenha sido devidamente preenchido. Lá estão bandas que surgiram até, no máximo, o meio dos anos 90. De lá pra cá nada de novo foi feito.
Muitas coisas novas surgiram, mas não passaram de novas maneiras de fazer as mesmas músicas. Se a urgência parece ser uma premissa pra rock bands ao redor do mundo e, mais importante, se tudo isso for aceito sem problemas pelo ouvinte, é bem verdade que ele poderá se esbaldar ao som de milhares de bandas novas. Elas surgem a cada dia e estão sendo cada vez mais "audíveis", graças à propagação mais democrática da informação sobre elas.
É louvável que estejamos falando aqui de bandas muito recentes no primeiro mundo, que chegam ao mercado após um EP lançado na internet. Dentro deste contexto, claro, há os melhores e os piores. Curiosamente, a tendência de seleção de relevância das bandas "one way" é através de quão respeitáveis historicamente são suas influências.
Aquelas que têm influências mais interessantes e, digamos, antigas, são privilegiadas.
Daí o revival do garage rock (a mais primária expressão do estilo) e não do progressivo, por exemplo. E no meio de coisas meia-boca dá pra encontrar formações como Libertines, Rapture, Kings Of Leon, Strokes, Coral, Elefant, Radio 4, Interpol e... White Stripes.
Muitas pessoas perguntam para quem gosta de rock se ele está morto. Ou pior, anunciam sua morte todo dia, por todos os tipos de causas. Entre as naturais, estão a falta de criatividade, a incapacidade em se renovar ou manter-se relevante. Na verdade, o rock nasceu para ser uma diversão.
A moralidade tacanha da época do nascimento, os anos 50, conferiu a este desejo primevo de diversão um tom de desafio e contestação. O rock era uma tentativa terminal de combate ao tédio. Esbarrou no conservadorismo de um mundo estranho e paranóico e nunca mais foi o mesmo. O rock passou a ter uma "finalidade" dentro da sociedade, a de ser relevante. Afinal de contas, qual era o sentido de apenas se divertir?
A ironia da história não ceifou do rock a sua essência. Ao longo de sua trajetória, várias bandas surgiram com a missão de apenas divertir e se divertir. Kiss, Ramones, Troggs, entre outros, foram bandas de esporro, bebedeira e diversão. Queridas do povo, odiadas por aqueles que cobravam a tal relevância comportamental do rock, as bandas que surgiam das garagens do mundo acabaram prevalecendo sobre os conceitos cabeções que foram impostos. O punk ensinou isso.
E hoje, 2007, se há alguma novidade no rock é justamente a existência de bandas que resgatam essa coisa de apenas ouvir, pular, dançar e ir pra casa feliz. O que mudou foi o mundo. Enquanto isso era um pretexto para ser deserdado nos anos 60, o fã de rock de hoje é alimentado diuturnamente com mensagens subliminares incitando-o à diversão e ao consumo de artistas e bandas que fazem rock primitivo, barulhento e algumas vezes, bom.
Carlos Eduardo Lima.
As jóias da nova geração
SYSEM OF A DOWN – No início da década, o mundo caiu de joelhos para o SOAD. A acidez de suas letras, em qual o alvo principal era o governo americano, untado ao ecletismo pesado de sua música, fez do System of a Down, a maior novidade do rock pesado nos últimos 10 anos. Lógico que a qualidade dos músicos não pode ser isenta ao sucesso deles, mas a atitude da banda, foi o diferencial para o grande estouro. A forma descolada de ser, junto com o sarcasmo espiritual de sua imagem/música, os transformou, numa referência para uma juventude “mais esperta”.
Baixe essas: Chop Suey, Aerials, Toxicity, BYOB, Boom, Hypnotize e Spiders.
QUEENS OF THE STONE AGE – Mesmo não tendo um potencial radiofônico, como os outros ícones desta década, o QOTSA se tornou uma unanimidade na praça. Com uma regularidade de fazer inveja, o grupo liderado pelo competente Josh, já virou moda em adjetivos positivos. O seu rock clássico, sujo, direto e quadrado, vai agradando sem fazer firulas. Tudo mudou para banda, quando eles lançaram o segundo disco, Rated R, que continha o hino “feels good hit of the summer”. A consagração foi dada, quando Dave Ghrol se juntou ao trio e gravou a bateria daquele, que é para muitos, um dos melhores discos de rock da década, Song For The Deaf. Hoje eles atuam no primeiro time do rock mundial.
Baixe Essas: No One Knows , Go With the Flow, Little Sister, Feel good hit of the summer.
THE STROKES – Superestimados desde o álbum de estréia, o Strokes se tornou os queridinhos da nova geração. A competência comercial deles, com o carisma do grupo fez com que o rock voltasse a ter um representante junto à garotada. Músicas que abalaram o verão, como Last Nite ou 12:51, deram ao strokes, a simpatia da crítica, que vivem os incluindo em todas as listas de melhores do ano.
Baixe essas:
Last Nite
12:51
Hard to Explain
Juicebox
Heart in a Cage
THE WHITE STRIPES – Para a maioria das bandas, adicionar algum integrante ou elemento em sua música, é providencial para buscar alguma originalidade. No caso do The White Stripes, foi o inverso. Eles decidiram abolir o baixo e apostaram na fórmula guitarra/bateria e alguma inclusão de teclados circunstancialmente. Lógico que o resultado não agrada a gregos e troianos, mas eles conseguiram cravar o nome da banda, no primeiro time do rock desta década. Todo esse sucesso é 90% designado ao talento do guitarrista/vocalista Jack White, que trouxe consigo as raízes do rock, embebedadas pela influência violenta de um dos pilares do rock, o lendário Led Zeppelin.
Baixe Essas: Seven Nation Army e The Hardest Button to Button
THE KILLERS – Resgatando o rock dançante, com teclados e sintetizadores, o Killers, conseguiu trazer de volta aquele estigma de que o rock and roll ainda poderia ser jogado nas pistas de dança. O sucesso explosivo de “Somebody Told me”, tirado do excelente disco de estréia do grupo, Hot Fuss, fez com que muitos vissem o The Killers como a nova sensação do rock. Não era por menos, o som era de qualidade e o carisma do vocalista Brandon Flowers, trouxe a tietagem aos pés do quarteto.
Baixe Essas:
Somebody Told me
Bones
Jenny was a friend of mine
Bruno Eduardo